Capacidade de surpreender

~ 15 abril 2010
Cada vez que penso em escrever umas linhas para o blogue, mas por alguma razão não o faço, fico sempre com a sensação do surfista frustrado. A onda veio, mas não a apanhei…

A razão principal é mesmo a falta de tempo, mas também, por vezes o assunto sobre o qual pretendo escrever, já não está na agenda do dia…

O ideal era ter mais tempo para as coisas do quotidiano, e um caderno sempre à mão, para apontar palavras, frases ou as ideias que vão aparecendo.

Talvez a pensar nisto, criei no blogue as etiquetas de mensagens. Com a devida rotulagem das mensagens, o seu conteúdo torna-se intemporal e poderá ser lido em qualquer altura, permitindo a quem as lê, uma sensação sempre de tempo presente.

Ontem aconteceu-me, lá no hospital, uma situação bem engraçada que por mais falta de tempo ou caderno, disse cá para mim: 

- Tens de ir já direitinha ao blogue!

Passo a explicar, um pouco antes da hora de almoço, apareceu à entrada do Serviço uma velhinha com uma desorientação a mais e uns dentinhos a menos. (estão a ver a coisa?) Apesar da sua aparência pesada (vestida toda de preto) tinha um ar simpático e dirigiu-se a mim de uma forma educada.

-Ó senhor, sabe como vou lá para baixo para o João?

Naturalmente percebi que estava perdida, e para onde queria ir. Como talvez não fosse pessoa para entender a minha explicação, decidi levantar-me e acompanha-la até ao elevador, carregando inclusive no botão certo para a encaminhar até ao João. (O piso que a senhora queria ir era o -1 (numero negativo) e tinha acabado se sair no piso 1 (numero positivo).

É claro que explicar toda esta coisa dos números positivos ou negativos, a uma Sr.ª de idade avançada, não é tarefa fácil. Por isso, mais vale uma pessoa levantar o rabo da cadeira, dar cerca de 16 passos, (sim fui contá-los) esperar pelo elevador e carregar no bendito botão. Foi o que fiz, mas tal com na história que escrevo, o melhor estava guardado para fim.

Enquanto esperava junto ao elevador, com a velhinha toda vestida de preto e uns dentitos a menos (lembram-se), comecei a sentir o cheiro a…. Pasmem-se, Dolce & Gabbana Light Blue!

Naturalmente pensei que seria alguma senhora que tinha acabado de passar no local e teria deixado o seu rasto (desculpem a expressão). Olhei para um lado e para o outro, mas nada… Até que olhei para a velhinha e pensei… não pode ser? Aproximei-me dela mais um pouco e percebi que afinal o agradável cheiro vinha mesmo dela, fantástico! Sorrir para a senhora e ela, como a agradecer o gesto de me levantar e encaminha-la no elevador, retribuiu igualmente com um sorriso.

O elevador chegou e a velhinha disse-me:

- Muito obrigado senhor!

O prazer foi todo meu… (pensei para mim)

2 Deixar Comentário:

Unknown disse...

Os economistas chamam a estas coisas externalidades, isto é, custos ou proveitos obtidos devido à acção única e unilateral de terceiros.
Neste caso o proveito é o prazer tirado da situação.
Prazer esse que também tive ao ler a estória!

Helena Teixeira disse...

Eis algo giro como tema para escrever:Aproveito e deixo um convite: Participe na blogagem de Maio do blog www.aldeiadaminhavida.blogspot.com. O tema é:”Vamos ao Museu”. Basta escrever 1 texto de máximo 25 linhas, 1 foto, o título e o link do blog para aminhaldeia@sapo.pt até dia 10/05. Pode falar sobre o seu museu preferido ou monumento… Há boa disposição e prémios!

Abraço
Lena